quarta-feira, 6 de julho de 2016




ezgi polat









A mais radical solidão,
eu, com todo o meu corpo apenas,
pela primeira vez. Eu, que sempre
levava comigo somente os olhos, primeiro,
depois, o ouvido e o tacto. Ali,
naquela câmara do absoluto, do vazio,
do amplo - amplidão que multiplicava o vazio,
atenta enfim, a um cheiro ácido,
do grande Universo invisível

fiamma hasse pais brandão






render-me às evidências e de corpo ardente lançar-me a um cometa esperando que das cinzas se faça terra - era como fechar os olhos e ouvir canções antigas. que se estreitam na pele e. silenciosas. ocupam o peito de uma vez para sempre - ainda te ouço dizer: nenhum lugar foi feito para ti. és das estrelas - que as estrelas me encontrem porque em nenhum lugar me sinto. me sento. me quieto. e inquietar-me dói quando os dias assim passam - por vezes são teus gestos que interrompem a noite para me lembrar do quanto fomos felizes. e os padrões dos teus vestidos regressam da morte à procura de luz. digo-te: bom dia - não respondes - pergunto-te porquê       - não respondes.     
|escrevo para mim. que nenhum dia me morra como tu me morreste. que nenhum mês assim fique a perturbar-me o coração. que nenhum ano nos esqueça - os silêncios já não me magoam. acostumaram-se a mim. fizeram ninho no meu peito - à data do teu aniversário escrevo sempre muito. todas as histórias. porque nenhum lugar é este onde agora existo. esperando que alguma estrela me devolva à vida 










2 comentários:

  1. as estrelas, brilham no vasto céu.....quando os pássaros repousam no seu ninho. Tu, sempre formosa e bela, quando te aninhares no teu ninho, pede ao mundo dos sonhos....que te ofereça uma estrela....e saberás, quem sou!

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  2. A arte da aceitação, do render às evidências, é a melhor cura emocional. Desistimos de nós e do futuro ao permanecer agarrados ao passado. A nossa evolução não se coaduna com ses nem porquês, mas está antes assente nos alicerces que criamos com tudo o que é passado, com tudo o que teimosamente evitamos descartar.
    Amanhã o sol voltará a nascer, as marés continuarão condicionadas às fases lunares, os pássaros voltarão ao seu ciclo de migração, e nós... bem, nós continuaremos aqui deixando que o emocional se sobreponha ao racional, evitando assim viver em pleno.
    Viver é procurar o caminho que nos devolva à vida, pois essa é nossa, compete-nos a nós vivê-la.
    Amanhã, um dia destes, sei lá, não sei, talvez a brisa te segrede "follow me and I will show the way".

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