sábado, 5 de abril de 2014





ann he











Fica ao menos o tempo de um cigarro, evita
comigo que este tempo ande. Lá fora
são as casas, vive gente à luz de um candeeiro,
o som que nos chega apagado pela distância
só denuncia o nosso silêncio interrompido.
Ajuda-me, faremos o inventário das coisas
menos úteis, mágoas na mágoa maior do tempo.
Fica, não te aproximes, nenhum dia
é menos sombrio, quando anoitecer vamos ver
as árvores cercando a casa.

helder moura pereira




que alegria nos socorre quando as tardes trazem a chuva para a estação errada. pergunto-me - se ao menos não me doessem todas essas árvores de que somos feitos - nesta primavera nada rebenta. só o peito. e a certeza de que o tempo vai melhorar chega-me pela boca de quem conhece as luas. as nuvens. o sol - nenhuma luz pode permanecer no corpo quando o cinzento dos dias se repete - e é como se subitamente uma tristeza se pendurasse no meu pescoço. a obrigação de a carregar como se a vida disso dependesse - quero um mundo que não há porque nenhum homem o pode criar e já não se fazem deuses como dantes. um mundo onde se pudesse nomear as tristezas - aí minha tristeza. de nome maria. exilava - 




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