sexta-feira, 24 de maio de 2013







laura makabresku 



 Quando entre nós
só havia uma carta certa
a correspondência completa
o trem os trilhos
a janela aberta uma certa paisagem
sem pedras ou sobressaltos
meu salto alto
em equilíbrio
o copo d’água
a espera do café

ana c.





deram-me um espaço vazio e eu construí a noite. deram-me um corpo e eu construí o dia - se não me dessem nada não haveria mundo e o tempo seria um lugar vazio à espera dos corpos - dizer silêncio é encolher-me inteiro. deixar doer-me o coração tão duro e assim anoitecer como se as estrelas se pudessem de repente apagar para sempre - tenho medo.





quarta-feira, 1 de maio de 2013






laura makabresku 







 Desde a obscuridade
de tudo que tudo é inocente.
Nunca se pode ver a noite toda de súbito.

 herberto helder






se fosses viva hoje seria o teu aniversário - e todas as árvores chamariam o teu nome neste dia de abril em que os pássaros não voltam - talvez por teres morrido já nem abril é o mesmo. já não há sol e as nuvens aquecem os olhos - faz anos que não te abraço. nem me dizes baixinho ao ouvido que tudo vai ficar bem. como pode ficar tudo bem sem a tua pele tão velha a ensinar à minha como construir vida - já o mês acabou e até o dia mas a tua memória permanece a bater-me no coração.