quinta-feira, 20 de dezembro de 2012






laura makabresku











dizem que a paixão o conheceu
mas hoje vive escondido nuns óculos escuros
senta-se no estremecer da noite enumera
o que lhe sobejou do adolescente rosto
turvo pela ligeira náusea da velhice

conhece a solidão de quem permanece acordado
quase sempre estendido ao lado do sono
pressente o suave esvoaçar da idade
ergue-se para o espelho
que lhe devolve um sorriso tamanho do medo

dizem que vive na transparência do sonho
à beira-mar envelheceu vagarosamente
sem que nenhuma ternura nenhuma alegria
nunhum ofício cantante
o tenha convencido a permanecer entre os vivos

al berto












um dia no corcovado pedirei a cristo que me mate de sol - somos feitos de água e o nosso corpo ao mar regressa depois da morte - nascemos em montes altos enormes. onde os braços das moças não chegam por serem pequenos. e somos sós - não entendo por que assim deixam morrer os corpos sós. sempre me disseram que havia um final feliz. e eu que acreditava em finais felizes vejo hoje que tudo apenas existiu pela força da minha fé - já os anos têm passado sem que me dê conta do tempo que já não vivo e. porque ao corpo não regressa a luz. encosto o ouvido às nuvens e sigo com os pássaros -




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