quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012


















Acende o cigarro, rapariga. E olha para a
rua onde passam transeuntes desconhecidos.
A tarde vai avançando e nós morrendo nela
ou morrendo nela as nossas esperanças,
a ilusão de eternidade. A beleza o que é?
Braços nus, o ventre liso nu, os cabelos caídos
nos ombros. A desconhecida concentra em si
a atenção do homem desocupado. Para
distrair-se, ele olha para ela e recorda-se
da história antiga do amor, reconstrói
ficções que sabe serem apenas ficções. Assim
passa o tempo, depois irá para casa. Quem
sabe o segredo mais secreto da existência
de cada um? Todos nós temos uma
história. Uns calam-na, outros murmuram
entre dentes os episódios essenciais, outros
encontram palavras com que construir o
poema hermético. Que diferença é que faz?
De tudo se constrói a existência, se alimenta
o sentido. Camisa branca à flor da pele, a
rapariga levantou-se e foi lá dentro do café
comprar qualquer coisa. Palavras, deixai-me
celebrar o vão movimento dos ponteiros do
relógio, os episódios vãos, a nossa morte.

joão camilo






por tudo o que te disse perdoa. talvez um dia quando as nuvens forem nossas descubras que tudo fiz para que sorrisses - talvez se o fogo não queimasse o corpo - se o dedo arder. sopra. vento brando norte. como palavras que se segredam pequenas como o silêncio. dessas que não nasceram para serem ditas em voz alta - que me dói assim esquecer o que tarde aprendi. amor - nasci para ser pássaro. perdoa.








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