sexta-feira, 16 de setembro de 2011

























Thomas Degotardi












"Esta noite morri muitas vezes, à espera
de um sonho que viesse de repente
e às escuras dançasse com a minha alma
enquanto fosses tu a conduzir
o seu ritmo assombrado nas trevas do corpo,
toda a espiral de horas que se erguessem
no poço dos sentidos. Quem és tu,
promessa imaginária que me ensina
a decifrar as intenções do vento,
a música da chuva nas janelas
sob o frio de fevereiro? O amor
ofereceu-me o teu rosto absoluto,
projectou os teus olhos no meu céu
e segreda-me agora uma palavra:
o teu nome – essa última fala da última
estrela quase a morrer
pouco a pouco embebida no meu próprio sangue
e o meu sangue à procura do teu coração."

fernando pinto do amaral







não tenho nada. nem palavra. nem calma. nem jeito de ta dizer - logo hoje que o coração vai tremendo e o corpo todo me aflige - diz-me: é dos meus olhos ou vão tão altas nuvens no céu. é o mundo que foge - queria contar-te noites e dias felizes. inteiros. onde viver para sempre. mas duvido que me cheguem as memórias para inventar essas histórias - morrerei sozinha. na minha pele não farão ninho os pássaros. as estações passarão por mim como se não soubessem que nunca fui feliz - é que dentro faz frio. não importa onde. são lugares ocos onde às vezes grito - não tenho palavra. nem calma. para te prometer que não volto.


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