sexta-feira, 26 de agosto de 2011
































melanie rodriguez












Ganhámos juntos o que perdemos separados:
a luz incomparável, esta luz quase louca
da primavera, esta gaivota
caída dos ombros da luz,
e a leve, saborosa tristeza do entardecer,
como uma carta por abrir,
uma palavra por dizer…

Ganhámos juntos o que vamos perdendo
separados:
a alegria – inocente
cidade,
coração aberto pela manhã,
pequeno barco subindo
nitidamente o rio,

fumegando, fumando
com o seu ar importante de homenzinho…
E a ternura – beijo sobrevoando
o teu rosto fiel,
fogo intensamente verde sobre a terra,
intensamente verde nos teus olhos,
pequeno «nariz ordinário»
que entre os meus dedos protesta
e se debate…

alexandre o'neill













que eu não tivesse memória agora, que o meu corpo me tivesse enganado e não fosse teu o rosto e da tua cabeça não fossem os cabelos loiros que encontram as minhas mãos. quero não me lembrar de onde ficaste, como só nos teus braços eu sabia da vida julgo-me agora morto, até o sentido das árvores foi com o teu corpo. e eu que gostava tanto de árvores e as árvores que sempre pertenceram à terra, como os corpos. que lugar no mundo é o meu. fecho os olhos com força, vou procurar-te, por dentro de toda a minha intenção hei-de esconder-te, com toda a força de vontade hei-de deixar-te fugir para, até ao fim dos meus dias, procurar-te.
















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