quarta-feira, 29 de junho de 2011

























patricija stepanovic







Sobre os cotovelos a água olha o dia sobre

os cotovelos. batem folhas da luz
um pouco abaixo do silêncio. Quero saber
o nome de quem morre: o vestido de ar
ardendo, os pés e movimento no meio
do meu coração. O nome: madeira que arqueja, seca desde o fundo
do seu tempo vegetal coarctado.
E, ao abrir-se a toalha viva, o
nome: a beleza a voltar-se para trás, com seus
pulmões de algodão queimando.
Uma serpente de ouro abraça os quadris
negros e molhados. E a água que se debruça

olha a loucura com seu nome: indecifrável cego

herberto helder




quero para nós o silêncio dos dias imensos. que carregam nuvens - um céu com queda para anjos. estrada sem saída. cume. ravina. tecido fosco. boca sem fôlego - quero para nós o silêncio dos dias vivos. sangue que corre nas veias. eras cobrindo paredes. silvas crescendo nos muros - afinal nas pedras ainda há vida - respira - o mundo está deserto neste corpo. nem uma nesga de luz acode à pele - quero para ti um barco. jardim. arvoredo. pássaros grandes. muito grandes. tão grandes como os anos que passei sem ti.










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