sexta-feira, 18 de março de 2011



























de luís belo








ficávamos até tarde. falavas-me de amor. depois ias recostar-te ao travesseiro. camisa de dormir amarrotada nas costas. sorrias - o amor é esperar e tu não sabes esperar - não esperava que terminasses as frases. interrompia para te dizer que sei esperar. tinha a certeza. hoje não tenho. digo-te que não sei que fazer das ruas onde o amor não chega. quero sentar-me à tua espera. outras vezes era o teu sorriso que me visitava durante a noite. por frio calor ou dor. de olhos muito abertos à madrugada. as tuas histórias eram verdade. com rostos que existiram para mo mostrar. pessoas que regressam dos mortos num barco de papel para me dizerem que eras a melhor contadora de histórias que a terra conheceu. - um dia o zé fernando caiu junto ao alpendre. uma largata mordeu-lhe um dedo. se o quisesses ver a correr tapada fora. nem viu. caiu na poça. andou para morrer afogado - não sabias nadar. não. nunca to ensinei. meter-te na água era como tirar peixes dela. quero mostrar-te os oceanos. todos os peixes. de todas as cores e feitios. dizer-te que o amor me espera num tempo onde te abraçava.ainda. dizer-te que o zé fernando vive sozinho numa casa pequena voltada para o monte. que nenhuma largata o voltou a encontrar.
















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