terça-feira, 15 de fevereiro de 2011


























Não posso dar-te mais do que te dou
este molhado olhar de homem que morre
e se comove ao ver-te assim presente tão subitamente
Bons dias maria teresa até depois
preciso de tomar o meu pequeno almoço
a cerveja era boa mas é bom comer
como come qualquer homem normal
e me poupa ao perigo de até pela idade
me converter subitamente num sentimental

ruy belo




tenho pensado muito nos teus olhos. cor de avelã. folhas de outono. perdi-os nas estações.os teus lábios, como as cerejas pedem dias quentes. e a minha boca serão todos os teus dias. e a tua face todas as minhas noites. tenho pensado muito nesse tempo em que corrias. os braços ficavam-te curtos. ao nível da cintura. enrugados pela chuva. pegar-te-ei ao colo noutro inverno. levo-te às neves altas. subterfúgios. nunca soubeste dos bosques. como sebes são os teus cabelos. tenho saudades do teu corpo. pássaro ferido. as tuas lágrimas um caudal de rio. ao entardecer. e as tuas mãos. sempre as tuas mãos. tinham cidades adormecidas. pequenos ouvidos para contar grandes segredos. fomos morrendo. não há tempo, nenhum lugar é nosso. a foz nas tuas pernas. viradas para o mar. os pés como janelas entreabertas. nenhum peixe no umbigo. no teu peito nem um barco atraca. o sal nas dobras. só. sal e sargaço. e a morte sempre ali ao pé.








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