quinta-feira, 4 de novembro de 2010


























já me matei faz muito tempo
me matei quando o tempo era escasso
e o que havia entre o tempo e o espaço
era o de sempre
nunca mesmo o sempre passo

morrer faz bem à vista e ao baço
melhora o ritmo do pulso
e clareia a alma

morrer de vez em quando
é a única coisa que me acalma

paulo leminski









dou por mim. às vezes penso em ti. já nem a cara vejo, nem o coração. só uma sombra muito turva. só. e nem os olhos sei se olham os meus, nem a boca aberta, ou fechada, ou. nem eu. e dou comigo. e sei de mim. sou eu. que fazer quando o corpo te regressa. que não fazer se não te visse, ainda que sombra. ainda que turva. ainda que tu. eu. e dou por mim e dou comigo e sei que vens. que me procuras quando o coração já foi. e eu choro. corro e sei. eu morro. agora que já aqui estás.





























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