quinta-feira, 19 de agosto de 2010












o senhor Éme voltou esta noite com uma estrela ao colo. contou-me como se atirara ao mar, que ele é o único destino das lágrimas. cambaleava um pouco, o corpo molhado, trazia agarrado às calças um caranguejo teimoso. sentamo-nos numa rocha. quase me abraçou. choramos um pouco. disse-lhe para não fugir, que as fugas são facas no coração. entristeceu-se por lhe ter dito. só mais tarde me falou que no fundo do mar há um céu, outro, que é maior e mais azul e tem mais estrelas. sorri. que havia de me levar lá quando os dias se fizessem curtos. abracei-o. já de manhã disse que me amava, ou não disse e fui eu que o inventei.













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