quarta-feira, 28 de julho de 2010











abre os olhos. todos os dias foram dele. quando passaram por ele as horas o relógio caiu-lhe morto ao colo. já nem esta vida lhe basta. quase nada lhe pertence agora que tem todo o tempo do mundo. está só. ao longe ouvem-se as vozes, insónias e fantasmas de outros. ele ao lado a contar os segundos, a marcá-los na pedra com as unhas. está cansado. olhos enterrados no rosto. mais tarde, num espaço paralelo a este, uma sereia sacode a cauda para fora de água. quer morrer. nunca soube como. a sereia tem nome de floresta, fala com os braços em volta do corpo. quando nada os longos cabelos vão com as ondas, para longe. tantas vezes cheios de caranguejos e restos de algas que trazem as correntes quentes. ele não conhece a sereia, com pena do narrador, se ele a conhecesse logo se arranjava forma desta história se transformar numa curta história de amor. apesar disso ele sabe que ela existe, que é ela que ele ouve quando o silêncio cai. os fantasmas e as insónias e os outros são ela. se tivesse tempo ia à sua procura, se tivesse tempo.













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