quarta-feira, 2 de setembro de 2009







fazia nós no outono. o eco genital de Deus a abrir avessos. um
sangue muito branco falava na água da pele. é aqui o meu corpo,
perguntei, mas deste lado da morte ninguém respondia.
árvores todas caíam os braços. o deserto escorria no lugar da pele.
um lençol cheio de silêncio respondia pelo mundo. é aqui o meu corpo,
perguntei, mas deste lado da morte ninguém respondeu.
o dia não sabia se existia. uma canção de barco abria feridas no
tempo. as janelas diziam dezembro, dezembro, e a primavera tinha sido
ontem por fora. é aqui o meu corpo, perguntei, mas deste lado da morte
ninguém responde.


pedro sena lino



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